Um levantamento inédito realizado pela Procuradora-Chefe da Coordenadoria Jurídica do Procon de Mato Grosso do Sul (Procon-MS), Carla Cardoso Nunes da Cunha, revela que o número de entidades que aplicam descontos indevidos nos benefícios do INSS é muito maior do que o investigado até agora pela Polícia Federal. O documento, ao qual o Correio do Estado teve acesso com exclusividade, aponta 121 entidades suspeitas, entre associações e empresas que estariam praticando irregularidades contra aposentados e pensionistas no Estado.
Desse total, apenas 11 instituições estão, até o momento, sob investigação formal da Polícia Federal, no âmbito da Operação “Sem Desconto”. Isso representa um universo 11 vezes maior de suspeitos do que o apurado inicialmente pelos órgãos federais.
A investigação conduzida pelo Procon envolveu 21 coordenadorias municipais de Defesa do Consumidor, das 45 existentes em Mato Grosso do Sul. Mesmo com esse número parcial de respostas, foram registradas cerca de 4 mil reclamações de descontos não autorizados em benefícios previdenciários. Segundo a procuradora Carla Cardoso, esses dados ainda estão subestimados devido à limitação da amostra.
Outro dado preocupante é que, enquanto o INSS declara ter acordo vigente com apenas 29 entidades em seu site oficial, a lista identificada pelo Procon ultrapassa o dobro disso, indicando possível falta de controle ou irregularidades nos convênios.
O relatório completo foi encaminhado a órgãos de controle e investigação, como o Ministério Público Federal (MPF), a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal, com o objetivo de ampliar e aprofundar as investigações sobre o esquema que pode estar lesando milhares de beneficiários em todo o Estado.
